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Termos como “melhor idade” tentam disfarçar a velhice para vender pacotes turísticos.

As expressões difundidas pelos politicamente corretos estão presentes, principalmente, na militância gay e no movimento negro. A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) editou uma cartilha para educadores e outra para comunicadores, em que sugere quais palavras devem ser usadas. Exemplo disso é a troca de “homossexualismo” por “homossexualidade”. O argumento é forte. Em 1996, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou o homossexualismo da lista de doenças. Por isso, o sufixo “ismo” (que remete a doenças) não teria mais sentido. O movimento negro afirma que eles não querem ser chamados de “neguinho” e “preto”. Preferem afrodescendentes – uma tradução, um pouco torta, do termo usado nos Estados Unidos pelos PCs, afro-americans. Grande parte da linguagem politicamente correta brasileira é inspirada na americana. Mas ela também nasce aqui. “Muitos termos e expressões são criados, mas somente alguns são aceitos pela mídia e passados para a frente”, diz Dallare.

Até mesmo as escolas de ensino infantil são berço dessas manifestações. Há dez anos educadores alteram a letra de canções de roda consagradas. Clássicos como Atirei o pau no gato, O cravo e a rosa e Boi da cara preta foram considerados inadequados. O primeiro, por exemplo, é tido como agressivo e “pouco amigo” dos animais (leia como ficou no quadro). Os outros dois são tachados, respectivamente, de “desumano” e “racista”. Segundo Claudia Razuk, coordenadora de uma das unidades do Colégio Itatiaia, em São Paulo, o objetivo é, desde cedo, ensinar à criança a maneira correta de agir. “A escola existe para isso”, afirma. Recentemente, a própria educadora mudou a letra de uma canção, que considerava pessimista, para uma versão mais cor-de-rosa.

A Secretaria Especial dos Direitos Humanos, do governo federal, editou a Cartilha do Politicamente Correto. E foi bombardeada de críticas – acusada de cercear a liberdade de expressão e criticada por seus “exageros”. Termos como “peão”, “comunista” e “funcionário público” eram desaconselhados. A obra foi engavetada, mas deixou uma lição. Com o uso de palavras politicamente corretas ou não, o fundamental é ter bom senso.

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