na atividade

Serviço social na garantia dos direitos sociais


23/04/2009
A demanda pelo trabalho do assistente social vem se ampliando a cada dia em diversos setores, tais como habitação, sistema judiciário, sistema prisional, Ministério Público, segurança pública, entre outros. Existe um espaço amplo de atuação para o assistente social, em órgãos públicos, empresas privadas, movimentos sociais, organizações e entidades da sociedade civil. Historicamente, o assistente social desenvolve a prática profissional, principalmente no âmbito da seguridade social, que é formada pelo tripé: assistência social, previdência e saúde.
Dentre os órgãos da segurança pública, o assistente social está presente nas polícias militares de todas as unidades da Federação, seja como servidores civis contratados ou como integrantes dos quadros profissionais da carreira militar. Em Goiás, a inclusão do assistente social como profissional de saúde na carreira militar foi um passo arrojado, sendo reconhecido atualmente como um referencial para as outras unidades da Federação.
No exercício profissional é indispensável oferecermos respostas profissionais às necessidades sociais traduzidas nas questões sociais, tais como se expressam na vida dos indivíduos singulares e em suas famílias, sem perder de vista o contexto social. Relataremos dois casos onde destacamos a importância do papel do assistente social  na área da saúde da Polícia Militar de Goiás. Utilizo os nomes fictícios de Police-01 e Police-02 para preservar suas identidades.
O caso Police-01 chegou ao serviço social da Gerência de Saúde da PM-GO através de encaminhamento do diretor de Saúde, apresentando o seguinte quadro social: após colocar a mulher e o seus filhos menores para fora de casa, Police-01 trancou-se dentro de casa. Naquela noite, a esposa buscou ajuda na igreja onde congrega, sendo acolhida pelo pastor. No dia seguinte, foi conduzida pelo pastor até a Gerência de Saúde da PM-GO, onde expôs a situação ao diretor de Saúde, sendo encaminhada ao serviço social para as providências. Após a escuta profissional, deliberamos, em vista da gravidade social, uma intervenção imediata. Police-01 apresentava alterações de comportamento com risco de autoextermínio, situação de desabrigo social dos familiares, fora do lar, sem poderem utilizar os pertences pessoais e sofrendo um forte impacto emocional. A urgência da intervenção exigiu que formássemos de imediato uma equipe multiprofissional com a finalidade de deslocar à residência de Police-01. Já no local, conseguimos estabelecer um diálogo, convencendo-o a aceitar o tratamento. Após avaliação médica, chegou-se ao diagnóstico de que Police-01 havia sofrido um surto decorrente de um transtorno mental, prosseguindo o tratamento em regime hospitalar. Seus familiares puderam retornar ao lar e passaram a receber assistência psicológica e social para lidar com a nova situação.
Police-02, policial militar do serviço ativo, empregado no serviço administrativo, para o qual foi solicitado a nossa intervenção por sua chefe imediata, após faltas ao trabalho e recaída ao uso indevido de álcool. Fizemos contato com a sua genitora, realizando um breve levantamento sócio-familiar e ainda pedimos a sua participação no processo de tratamento para enfrentamento do alcoolismo e a sua permissão para visita domiciliar. Deslocamos à residência de Police-02, onde fomos muito bem acolhidas por sua genitora, viúva, idosa e desgastada emocionalmente com os cuidados de três filhos dependentes químicos. Feita a avaliação do quadro familiar, fizemos uma proposta de tratamento para a família. Constatamos também que o comportamento de um dos irmãos dependente químico contribuía para a sua resistência ao tratamento, pois quando Police-02 se ausentava de casa, o irmão furtava seus pertences para trocar por droga. Uma vez aceita a nossa proposta de tratamento, conduzimos Police-02 e o seu irmão para avaliação médica, sendo ainda acompanhados por uma irmã. Estabelecemos, a partir de então, um contrato de tratamento por uma equipe multiprofissional para Police-02 e sua família.
A experiência profissional deixa claro que o assistente social precisa estar cotidianamente comprometido com os usuários dos seus serviços que buscam a garantia dos direitos sociais, um desafio superdimensionado em uma sociedade globalizada onde o poder e a riqueza estão concentrados nas mãos de poucos. Bom ânimo e entusiasmo não podem faltar para bem cumprirmos o nosso papel na garantia dos direitos sociais e na democratização do acesso aos bens e serviços, como agentes transformadores em busca da paz social.
Vania Maria Rodrigues Alencar é major  (QOSPM), assistente social e chefe do Serviço – Social da Gerência de Saúde da PM-GO

retirado de: http://rededobem.org/servico-social-na-garantia-dos-direitos-sociais/

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